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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

E Maringá foi ao teatro..


      Não sei se pela peça, não sei se pelo preço (ou melhor, a falta dele..) ou se pelo feriado, mas muitos maringaenses  deixaram o conforto de suas casas para ir ao teatro nesta segunda feira (finalmente!). Lamartine Babo, encenada pelo CPT – SESC de São Paulo no  Teatro Marista, foi a peça escolhida pela organização para oficialmente dar início ao 1° Mostra de Teatro Contemporaneo de Maringá, que começou segunda feira, dia 15/08, e vai até 28/08  .


      O que se observou na noite de estréia foi um público um tanto quanto desacostumado, porém extremamente atento e entusiasmado com o espetáculo.  As canções de Lamartine Babo, interpretadas com muita graça e harmonia pelo CPT-SESC, foram capazes de envolver a platéia e cativar inclusive os que nunca haviam ouvido falar do compositor carioca. Confesso que a sensação de ver o palco de um teatro que costuma ser utilizado apenas para congressos, shows e peças de “renome” (todos um tanto quanto caros, diga-se de passagem) preenchido por atores relativamente desconhecidos, encenando uma peça gratuita e igualmente desconhecida para o público leigo foi sublime.
      A iniciativa de oferecer uma mostra de teatro a preços tão atrativos e com tamanha qualidade artística em uma cidade do interior é com certeza digna de muita admiração e incentivo. Porém,uma questão muito importante e que ainda permanece pendente (e que provavelmente permanecerá até o final do Mostra) é: será que ela será capaz de criar o “hábito do teatro” no maringaense ou atingirá apenas um público específico e setorial, como a maioria das produções artísticas que temos por aqui? Pergunta um tanto quanto capciosa, mas explico:
       Não foram poucas as vezes em que ouvi reclamações sobre a falta de “vida cultural” em Maringá. Segundo muitos, falta a nossa cidade peças de teatro, apresentações de grupos de dança, stand up’s.. Enfim, faltam opções de entretenimento além das festas universitárias e das caras e esporádicas produções importadas pelas grandes rádios da cidade. Em contrapartida, não foram poucas também as vezes em que fui a projetos como o “Convite ao Teatro”, “Convite a Música”, “Convite a Dança”, “Projeto um outro olhar” ou a apresentações do TUM e encontrei alguns gatos pingados na platéia. Inclusive, muitas destas pessoas que criticaram a rotina cultural de Maringá sequer sabiam da existência de tais iniciativas. E é justamente aqui que vem a tona a questão do hábito do teatro que incitei no parágrafo acima.
      Apesar de todas estas iniciativas serem periódicas e gratuitas (ou a preços simbólicos) e contarem com divulgação no jornal local (tanto na versão televisionada quanto na escrita) e também em murais na Universidade Estadual de Maringá, o número de pessoas que costuma freqüentá-las é mínimo. Parece existir na parcela da população “amante das artes” em Maringá uma tendência a valorizar e atribuir qualidade somente a produções famosas, importadas de grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo e a ignorar o que é feito por aqui. Não existe vontade de freqüentar o espetáculo pelo que ele proporciona , mas sim pelo que representa, existindo portanto idolatria ,e não hábito.
      Porém, ao observar a grande fila na entrada do teatro, a ecleticidade e volume da platéia (desde casais de namorados no auge de seus quinze anos até avós acompanhando seus netos) , o grande número de incetivos culturais e a variedade de atividades oferecidas (palestras, filmes, peças, entre outras) pude concluir que ela está tendo e provavelmente terá papel importante no processo de desmistificação daquelas grandes e famosas peças e no fomento da valorização do que é feito por maringaenses. 
      Torçamos apenas para que a noite de estréia torne-se rotina.    



O que vocês acham?
       

Um comentário:

  1. Pois é, esperamos que a rotina de teatro se instaure de vez. Precisamos acabar com o fenomeno de sempre aplaudir de pé as produções glamourizadas. Quero dizer, a peça foi realmente boa, mas enquanto não tivermos um publico que admire teatro, goste de ir no teatro, teremos sempre a mesma situação: gatos pingados nas apresentações locais (como se não fossem boas), e plateias lotadas aplaudindo SEMPRE de pé (como se TUDO que viesse de fora fosse bom).

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