Os que foram ontem ao evento promovido pela “Calourada” do DCE puderam presenciar um show a parte dos anunciados nos panfletos, promovido por uma aluna recém chegada na universidade. A moça a certa altura da festa subiu no palco, pediu atenção do público e começou a fazer alguns "comentários" sobre suas percepções em relação a vida universitária da UEM. Entre gritos ininteligíveis e outras afirmações, disse que o curso de Direto é extremamente machista (conclusão provavelmente feita devido a apresentação da Bateria Galo Terror, finalizada poucos minutos antes) e que surpreende-se com a submissão das alunas que cantam músicas obscenas e rebolam ate o chão, insinuando por tabela que os acadêmicos do curso que cantaram e dançaram as músicas tocadas pela bateria são desprovidos de senso critico.
Não é por ofensa pessoal, mas sim por senso critico (aquele que supostamente não tenho) que vejo-me na obrigação de tecer alguns comentários sobre este episódio.
Bom, primeiramente, reconheço que o curso de Direito realmente não adota a análise critica como metodologia, e provavelmente muitos compartilhem da mesma opinião. Contudo, isto não significa que seus alunos sejam desprovidos dela. Cursar a faculdade de Direito é para muitos (principalmente para os alunos de outros cursos na área de humanas) sinônimo de alienação e soberba, pensamento este um tanto quanto determinista para alunos que passam seus anos de academia criticando darwinismo social, defendendo liberdade de expressão e igualdade de tratamento.
No entanto o principal questionamento que me fiz depois de ouvir o perturbado discurso da jovem foi se há muitas diferenças entre o estereótipo da “loira gostosa e alienada” existente em toda boa novela das 9 e o da “intelectual crítica-marxista-revolucionaria”, que é claro, condena os alunos de Direito. Não são nada mais que dois extremos igualando-se, infelizmente, através da ignorância.
Quanto as músicas da torcida, são cheias de palavras obscenas. Mas, e daí? Isto não significa que a vida de cada um que as canta resume-se a “mulherada do pré coito” ou “ vai se foder Cesumar” e nem muito menos que as mulheres submetem-se ao que rezam as letras . Acredito que aqueles que pulam e extasiam-se cantando tem acima de tudo uma vida ,que implica em compromissos, responsabilidades, preocupações, e portanto tem pleno direito de divertirem-se da maneira que melhor lhes aprouver.
Enfim, gritar leviandades em um microfone não é uma atitude digna de aplauso, muito pelo contrario, é tão condenável quanto qualquer comportamento daquela patricinha da novela, tão difamada e “criticada”.