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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Além da vida: a redenção de Clint Eastwood

Um filme dramático contemporâneo surpreende e chama atenção quando consegue atrair o público não pela linguagem apelativa, mas sim pela originalidade na forma de conduzir a trama. A linha entre o clichê sentimental e a vanguarda é muito tênue.
O diretor e ator americano Clint Eastwood parecia ter-se esquecido de lições tão básicas, inerentes a um filme de respeito. Sua ultima produção/direção do gênero (Gran Torino, 2008) foi um desastrosa sucessão de tópicas cinematográficas, regadas a atuações sentimentalóides (inclusive a dele) e cenas previsíveis. Um roteiro aparentemente delicado e diferente escondeu uma direção fraca e um protagonista desconfortável e limitado em seu papel.
Eastwood em Gran Torino: um "tough guy" interpretando o bom moço
Há pouco, contudo, Eastwood teve a oportunidade de redimir-se com Além da Vida (Hereafter), que veio para retificar todas as más impressões causadas por Gran Torino.
O filme procura nitidamente sair de qualquer padrão relativo a películas que tratam da vida após a morte. Através de histórias convergentes, pode-se ter uma noção desprovida de apelações religiosas e místicas de como diferentes indivíduos encaram experiências relativas ao tema. Clint Eastwood teve a sábia conduta de não criar situações fantásticas e tendenciosas, que poderiam cair no erro de atrair apenas o público religioso ou adepto das teorias “do que vem depois”. O que o espectador observa é que propositalmente, ou não, foram escolhidas os casos mais freqüentes dos ditos contato com a morte: uma experiência de quase morte, a mediunidade e a misteriosa ligação entre irmãos gêmeos. 
O resultado foi um filme original e maduro que emociona e instiga a reflexão, tendo – infelizmente- como único defeito a trilha sonora, que com seu sentimentalismo e apelo excessivos típicos de filmes do século passado, quebram a profundidade de muitas cenas.  

Um comentário:

  1. Realmente, o ecumenismo no filme é ponto para Clint Eastwood. No filme, fica claro o tempo todo que o diretor não teve nenhuma intensao de "puxar sardinha" para nenhuma denominaçao, para nenhuma respota desta ou daquela religião. Pelo contrario, a mediunidade é apresentada como uma experiencia apenas do mundo vivo com o não vivo, sem demais axiomas. Mediuns das mais variadas teorias, a familia oriental que entra no funeral na sequencia ao de jesse... Sacada muito boa do diretor, ao tratar deste tema.

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