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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Quem é pior?

Os que foram ontem ao evento promovido pela “Calourada” do DCE puderam presenciar um show a parte dos anunciados nos panfletos, promovido  por uma aluna recém chegada na universidade. A moça a certa altura da festa subiu no palco, pediu atenção do público e começou a fazer alguns "comentários" sobre suas percepções em relação a vida universitária da UEM. Entre gritos ininteligíveis e outras afirmações, disse que o curso de Direto é extremamente machista (conclusão provavelmente feita devido a apresentação da Bateria Galo Terror, finalizada poucos minutos antes) e que surpreende-se com a submissão das alunas que cantam músicas obscenas e rebolam ate o chão, insinuando por tabela que os acadêmicos do curso que cantaram e dançaram as músicas tocadas pela bateria são desprovidos de senso critico.
Não é por ofensa pessoal, mas sim por senso critico (aquele que supostamente não tenho) que vejo-me na obrigação de tecer alguns comentários sobre este episódio.
 Bom, primeiramente, reconheço que o curso de Direito realmente não adota a análise critica como metodologia, e provavelmente muitos compartilhem da mesma opinião.  Contudo, isto não significa que seus alunos sejam desprovidos dela. Cursar a faculdade de Direito é para muitos (principalmente para os alunos de outros cursos na área de humanas) sinônimo de alienação e soberba, pensamento este um tanto quanto determinista para alunos que passam seus anos de academia criticando darwinismo social, defendendo liberdade de expressão e igualdade de tratamento. 
No entanto o principal questionamento que me fiz depois de ouvir o perturbado discurso da jovem foi se há muitas diferenças entre o estereótipo da “loira gostosa e alienada” existente em toda boa novela das 9 e o da “intelectual crítica-marxista-revolucionaria”, que é claro, condena os alunos de Direito. Não são nada mais que dois extremos igualando-se, infelizmente, através da ignorância.
Quanto as músicas da torcida, são cheias de palavras obscenas. Mas, e daí? Isto não significa que a vida de cada um que as canta resume-se a “mulherada do pré coito” ou “ vai se foder Cesumar” e nem muito menos que as mulheres submetem-se ao que rezam as letras . Acredito que aqueles que pulam e extasiam-se cantando tem acima de tudo uma vida ,que implica em compromissos, responsabilidades, preocupações, e portanto tem pleno direito de divertirem-se da maneira que melhor lhes aprouver.       
     Enfim, gritar leviandades em um microfone não é uma atitude digna de aplauso, muito pelo contrario, é tão condenável quanto qualquer comportamento daquela patricinha da novela, tão difamada e “criticada”.  

10 comentários:

  1. “loira gostosa e alienada” e “intelectual crítica-marxista-revolucionaria” não são nada mais que dois extremos igualando-se, infelizmente, através da ignorância.

    exatamente.

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  2. Acho que você levou pro lado pessoal, Raquel, por ser aluna de Direito.

    Com relação aos argumentos dela: i) machismo e ii) submissão das acadêmicas que dançam músicas obscenas, acho que são inconsistentes se aplicados somente ao curso de Direito. Esse é um padrão universitário em geral e poderia ser reconhecido nos diversos cursos, tal como Administração e Enfermagem.

    Os juristas são alvos das críticas dos cientistas sociais por motivos muito óbvios. O Direito é um instrumento de racionalização e legitimação do poder, algo que é questionado e combatido pelos teóricos da esquerda (que encantam tantos estudantes). O acadêmico de Direito é visto por alguns como aquele que objetiva deter o conhecimento técnico para o exercício deste poder, legitimado e racionalizado pelo Direito.

    Além disso, tem-se um relativo conflito ideológico, resultante dos diferentes grupos sociais inseridos no ambiente acadêmico (aliás, temos mesmo? O que é ideologia hoje?).

    Bom. Voltando ao caso que te incomodou e gerou esse texto. Acho que a jovem colega pecou num ponto fundamental: pelo que sei, a Bateria Galo Terror foi convidada pelo DCE para tocar na recepção dos calouros. O objetivo, tal como vejo aqui de fora, era tornar a calourada mais pluralista possível (baterias de atléticas, bandas de rock, grupos de samba, hip hop, declamação de poemas). Infelizmente, ela não soube reconhecer a riqueza das diferenças, ainda mais num evento de integração e festa. Não percebeu (ou percebeu, mas insistiu na tentativa de formular uma crítica aos estudantes de direito, mas por outros motivos) que aquilo é apenas uma zoeira, uma tradição, faz parte da vivência acadêmica sem qualquer prejuízo à formação crítica da pessoa.

    Rebolar até o chão é apenas rebolar até o chão dentre desse contexto. Afinal, é isso que vocês fazem? Rebolar até o chão o dia inteiro? Acho que não. E pior: ela também sabe que não e sabe que esse argumento é frágil.

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  3. A alguns anos atrás, não me lembro ao certo quando, o cantor chico césar se apresentou no programa "altas horas". Em certa altura do programa, o musico foi questionado por uma moça da platéia sobre o que ele achava das letras dos funks cariocas. Com uma resposta que, confesso, me surpreendeu, ele respondeu (mais ou menos com essas palavras): "bom, em primeiro lugar, acho que musica é entretenimento. Não quero recriminar quem faz musica com reflexões e criticas, esta tbm é uma das funçoes da musica. Mas ela é entretenimento, diversão. Não é só porque a musica não tem um conteudo poético, intelectual, critico, que não é uma boa musica." Tenho que admitir que este comentario me surpreendeu um pouco na hora, mas acabei dsando toda razão ao chico césar. Não é porque se cantam musicas com debochadas, que estimulam as meninas rebolarem até o chão, que todos aqueles que la estão fazem só isso da vida, têm somente isso na cabeça. Aquele é um momento de diversão, de entretenimento. Este pode ser feito de varias formas, seja com poesia, com samba, e também com um pouco de robolation até o chão. Qual o problema? Não quero fazer apologia a nenhuma das partes, mas acho que presenciamos um extremo de intolerancia, de alguem com uma visão fechada sobre musica. Acho que a proxima musica da galo, de veria ser assim: "Cesumar bobão, cabeça de melão"

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  4. Raquel, desculpa usar o seu blog para um fim diverso do que ele merece, mas espero que o blogueiro de quinta categoria, do sensacionalista "O Diário", leia meu comentário. Pq ele, que a todo instante se julgou superior aos "alunos de direito", não se dá conta do post ridículo que fez seu blog ir às alturas? Vieram mais dois posts por conta dos comentários dos acadêmicos, mas ele deve ter se esquecido que eu fiz vários comentários sensatos que não foram aceitos pelo moderador do Blog(Censura Barata, não é mesmo, meu caro?). E mais, um post anterior ao que ele se limitou a julgar nossa galera, havia uma foto de uma calouro de agronomia entregando uma árvore no trote solidário da UEM, em quem o blogueiro (muito sensato, inteligente e educado) colocou uma legenda agradecendo o "pé de maconha" e dizendo que "a galera da república ia adorar". Quer dizer, esse BABACA vem falar do nosso curso, mas é um HIPÓCRITA sem tamanho. Importante dizer que esse post foi excluído, de certo pq o blogueiro (amedrontado) se deu conta de mais essa cagada. Peço desculpas, mais uma vez, mas não tem como não se irritar com essa galera que adora falar pelos cotovelos, quase sempre, falando merda! Se pensasse mais, e escrevesse menos, não seria o otário que é!

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  5. Tico,

    Acho que você tem pleno direito de expressar sua revolta, e inclusive não me importo que o faça aqui no blog. Contudo, quero deixar claro que o texto postado aqui foi idealizado na noite da própria Calourada,esboçado, corrigido, revisado e postado na sexta feira a tarde. Logo, não pretendo promover-me as custas deste episódio lamentável ocorrido nos blogs, onde houveram comentários imaturos tanto do lado do gerenciador quanto dos comentaristas. O meu objetivo maior era mostrar que maniqueísmos como: "alunos de direito são alienados", "essas meninas submissas" e "músicas machistas que vocês alienados cantam" são improcedentes.Aprecio muito as várias visitas que recebi, e apenas lamento que outros temas e comentários postados no blog não sejam alvo de tanto interesse.

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  6. A caloura não é de Ciências Sociais, ela é da minha turma de comunicação. Eu não estava presente, mas pelo que entendi a crítica foi às letras das músicas, não ao ato de rebolar até o chão.
    Obviamente o que aconteceu foi um choque, porque ela (que nem é de Maringá) foi à calourada esperando pluralidade e se deparou com ofensas gratuitas. Para os acadêmicos de Direito isso pode ser tradição, pode ser natural, mas não se pode exigir que todos encarem assim.

    Mais uma vez: respeito entre os cursos, a crítica foi à letra e não a todos os acadêmicos de Direito.

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  7. Apenas um adendo:
    Em nenhum momento a postagem especulou sobre que curso universitário a garota faz parte.

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